Muitas vezes, tememos algo por desconhecimento. Esse temor costuma ganhar volume quando o desconhecimento diz respeito ao nosso mundo interior.
Conhecer a si mesmo, há muito tempo, deixou de ser apenas uma recomendação filosófica. Atualmente, temos condições de constatar as consequências da ausência do autoconhecimento, a partir dos agravos de saúde mental que acometem milhares de pessoas ao redor do mundo.
Muitos, infelizmente, não sabem dizer sobre seus limites, sobre o que sentem, quais as causas de suas dores emocionais que barram sua felicidade.
A experiência clínica psicanalítica e terapêutica nos mostrou com o passar dos anos, que um dos fatores que agravam a saúde mental de uma pessoa, consiste justamente, no fato de não saber dizer “onde dói”.
Ao perguntar para um paciente se, ao se analisar, saberia dizer se sua timidez esbarra tão-somente em uma característica de sua personalidade, ou se, consideraria tratar seu isolamento social algo mais grave, patológico, como se apresentam os casos de fobia, ele se cala.
Não queremos dizer com isso, que cabe ao paciente,a verificação técnica, científica ou acadêmica acerca dos conceitos fóbicos, mas chamar atenção ao fato de que ao entrar em contato com suas próprias sensações, ele se perde.
A Agorafobia, por exemplo, se tornou bastante conhecida em decorrência do momento pandêmico e muitas pessoas, passaram a dizer que, por medo do contágio, se isolaram em suas casas e que hoje têm dificuldades de se relacionarem novamente, mesmo nas atividades ordinárias do dia a dia.
Muitos de nossos pacientes atestam que ao entrarem em contato com outras pessoas ou ao visitarem locais fechados com muita gente, começam a sofrer interiormente, desenvolvem ansiedade e alguns, inclusive, pânico.
A timidez é um traço característico de personalidade que se dá pela tendência à introspecção de uma pessoa, pelo desejo de não exposição, de não chamar atenção, especialmente, pelo receio de julgamento alheio.
Suas causas, são variadas – contemplam desde a educação que o indivíduo teve, até as formas de castração de sua personalidade em outros ambientes da vida de relação. A insegurança e a baixa estima são bastante presentes no mundo dos tímidos.
A fobia, por outro lado, é considerada como um transtorno que gera ansiedade, motivada por um medo irracional de situações, lugares, pessoas, animais, mesmo que isso não represente qualquer perigo. Importante dizer que o medo irracional, não significa sem justificativa emocional própria ou frescura!
Imagine, por exemplo, que algumas pessoas têm medo de cobra, e se sente mal, só em ouvir alguém falar do animal. Daí o conceito de medo irracional, uma vez que o fato de falar do animal não apresenta perigo, mas mesmo assim, há a presença do temor fóbico.
Quanto a Agorafobia em decorrência do medo de voltar a frequentar lugares por motivos pandêmicos, vejo que precisamos trabalhar com o que chamo de reabilitação social, através da propositura de uma transição confortável para o paciente, de modo que com o tempo, consiga voltar a viver com qualidade de vida o máximo possível.
Não podemos deixar de mencionar que a Agorafobia têm inúmeros outros “starts” e gatilhos. Seus sintomas incluem medo e evitar lugares e situações que possam causar sensação de pânico, aprisionamento, impotência ou constrangimento e se desenvolve, via de regra, após um ou alguns picos de ansiedade ou de pânico.
Em síntese, vale dizer que existem vários graus de reconhecimento da timidez e dos tipos de fobia social, mas a sua determinação, dependerá sempre de um olhar para múltiplas causas que dependem muitas vezes, de intervenção terapêutica e em alguns casos, medicamentosa.
A timidez como característica de personalidade, em grau que não cause desconforto, nem retire do indivíduo qualidade de vida, em si, não é prejudicial. Trata-se apenas de um traço de existência, de ser quem se é.
Por outro lado, se a timidez, começa a gerar desconforto e a transformar a vida da pessoa em algo diferente do que ela sente que seria saudável, teremos indícios patológicos a caminho. A depender do grau da timidez, pode ser que ainda não tenhamos quadro instalado de fobia social, mas apenas algo que merece atenção, reflexão e mudança, para que seus reflexos, não se tornem patológicos com o tempo.
Assim como quando a timidez começa a ser patológica, a fobia já o é e merece não só atenção, reflexão e autocuidado, mas intervenção psicoterápica, para a contenção de seus efeitos, com posterior retificação de suas causas.
Seja como for, se você não consegue lidar com suas emoções, se sente que algo te priva de ser quem você é com liberdade e paz interior, nossa recomendação, é que procure ajuda tão logo seja possível.
As dores da Alma, nem sempre são visíveis, mas quando subestimadas, geram situações graves de saúde.
Cuide-se bem, queira-se melhor e respeite seu tempo! =)
Raquel Bacchiega é Psicanalista e Professora de PICS – Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, autora do livro 15 minutos de amor-próprio, Ed. Haikai, Comunicadora da Rádio Boa Nova e TV Mundo Maior.
Instagram: @raquel_bacchiega
Informações: (11) 94919-1160
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